Ponderabilidade

O atenuar da desilusão e da angústia passa por sabermos que no fim dos fins vai haver muito por onde contar, mas pouco por quem sentir.
E nesse fim saberemos pois, contar pelos dedos as demais histórias às quais pertencemos. Sim, porque nunca nos pertenceu nada. Nem mesmo os instintos.
Por fim, iremos jazer nas breves cinzas do ténue fogo que um dia fomos.

Inexistência

Canso-me de não ter tempo para me cansar.
De não ter tempo de esgotar todas as forças.
De não ter tempo para acabar, mas essencialmente tempo para começar.
O tempo que é tão milagroso e a que temos direito… não existe;

Para mim.
É o que é, fugazmente.
Foi-mo, repentinamente.
Quero-me e não me tenho.
Quero-me para me oferecer.
E no fundo, fujo deste embrulho que é a vida,
Com vista a desembrulhar-me do que não quero.
A fazer do inexistente o meu próprio presente.

E acabo, acabada, por aceitar a inexistência do tempo,
Sem que para isso tenha de começar, terminar ou perpetuar…
Simplesmente, inexisto.
No fundo dos fundos, é por isto que caímos.
Tentamos de uma ou outra forma atingir o ponto de equilíbrio. Sem espontaneidade acrescentada e vemos que finalmente parece ser proveitoso renascer de novo.
E quando chegamos indelevelmente ao fundo, consciencializamo-nos que vivemos sobre uma terrível aparência (, ou parecença).